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HP mira em mercado de manufatura de US$ 12 trilhões para popularizar impressoras 3D

  • Foto do escritor: Sinesios Amaim Jr.
    Sinesios Amaim Jr.
  • 15 de mai. de 2018
  • 5 min de leitura

Impressoras 3D já conseguem entregar uma série de versões tridimensionais para um imaginativo catálogo de produtos - pense aqui em peças de automóveis, próteses medicinais, roupas e até mesmo órgãos, casas e comida - apesar de que há grandes chances de você não querer pedir uma pizza impressa - ainda. Mas é num horizonte de um mercado global de manufatura avaliado em 12 trilhões de dólares que a HP pretende posicionar sua tecnologia de impressão 3D Multi Jet Fusion ou jato de fusão. Na última semana, a companhia reuniu jornalistas da América Latina durante a primeira edição do America Innovation Summit, sediado em seu escritório em Palo Alto, Califórnia, para falar sobre suas expectativas, avanços e oportunidades para o setor.


Para além de computadores de mesa, notebooks e workstations, a HP tem longa tradição em um portfólio de impressoras domésticas e comerciais. No entanto, tardou para ingressar no universo da impressão 3D, tendo lançado apenas em 2016 sua primeira referência do tipo, no caso um robusto sistema industrial batizado de HP Jet Fusion, nas séries 3200 e 4200. Para recuperar relativo atraso frente às concorrentes, a fabricante apostou em tecnologia proprietária.


De forma geral, com o método jato de fusão, a HP utiliza plástico em pó para suas criações, mas não recorre ao laser para sedimentar o material e sim ao calor e outros agentes para atingir o ponto de fusão da peça. De acordo a fabricante, as partes são fundidas quase ao nível molecular, o que garante a durabilidade e segurança do produto. Tais características conseguem entregar baixa porosidade e excelente qualidade de superfície para protótipos funcionais e até mesmo peças finais com maior eficiência - 10 vezes mais rápida e com custos reduzidos pela metade, diz a HP. O preço do sistema, a partir de 130 mil dólares também reforça sua vocação industrial.


Dois anos depois, em fevereiro de 2018, a HP anunciou a Multi Jet Fusion 300/500, uma impressora de dimensões menores que, segundo a companhia, visa democratizar o acesso de pequenas empresas, empreendedores e universidades a sua tecnologia de impressão. Um dos seus grandes diferenciais é a capacidade de imprimir peças multicoloridas e usar materiais não homogêneos. Essa versatilidade é possível porque a impressora consegue manipular e controlar partes do material em nível voxel (termo derivado da junção das palavras volume e pixel. Pense nos voxels como pixels em forma de cubos impressos). A nova série da HP começa a ser entregue no segundo semestre deste ano e com preços que começam em 50 mil dólares - ainda não há disponibilidade das duas impressoras no Brasil.


Ecossistema aberto


Com seu portfólio de impressoras 3D, a HP aposta que sua tecnologia está pronta para rivalizar com métodos de fabricação tradicionais como o molde de injeção, disponível há mais de 100 anos. A companhia defende que suas impressoras permitirão a produção em massa de peças por meio de manufatura aditiva, em vez de prototipagem rápida, para a qual a tecnologia é normalmente usada.


"Nós estamos prestes a mudar a forma como o mundo produz as coisas", ressalta Steven Nigro, presidente da divisão de Impressão 3D da HP. "A indústria 4.0 fala sobre a digitalização, onde 1s e 0s controlarão a produção, de forma mais rápida e eficiente. E nesse cenário, você precisará de uma tecnologia de produção digital, é aí onde a impressão 3D entra", completa o executivo.


Mas o caminho para, de fato, tornar a impressão 3D viável e competitiva envolve uma cadeia de outros atores da indústria. Afinal, a HP sabe que para ir atrás de um mercado de manufatura de US$ 12 trilhões, ela não o fará sozinha. Nigro sustenta que o setor emergente precisa se integrar em busca de criar padrões para maior consistência da impressão.


Uma das soluções que a HP encontrou foi criar uma plataforma aberta onde outras empresas são convidadas a colaborar com a inovação de materiais, bem como parcerias para software voltados para a impressão 3D. Segundo Nigro, o objetivo é continuar a reduzir os custos de impressão 3D, aumentar a adoção do setor e criar uma plataforma de código aberto para materiais certificados que funcionem com seus produtos. Entre os parceiros de materiais estão gigantes do setor como BASF, Arkema e Dressler Group.


A HP também é um dos membros fundadores do 3MF Consortium, que trabalha para definir especificações para um formato de impressão 3D. Dassault Systems, Autodesk, Siemens e a concorrente Stratasys integram o consórcio.


Uma nova forma de produzir


Em um mundo que cresce em direção a urbanização massiva, empresas e governos deverão repensar a forma como produzem e oferecem seus serviços, alerta Shane Wall, CTO da HP Inc. Para ele, o conceito de coisas sob demanda será cada vez mais popular para também evitar desperdícios de recursos. A impressão 3D encontra aqui um bom argumento para sua popularização.


"Nós precisaremos mudar essencialmente a forma como produzimos e distribuímos produtos. Imagine em um mundo onde você desenha digitalmente, transmite digitalmente e fabrica apenas aquilo que precisa sob demanda, o que chamamos de manufatura digital", defende Wall.


Ao mesmo tempo que a impressão 3D abre um novo horizonte de possibilidades, há outros impactos que precisam ser levados em consideração, especialmente, para não canibalizar diferentes indústrias. Para ter se uma ideia, as próprias impressoras 3D da HP utilizam mais de 140 peças feitas por elas mesmas. Mas se a sustentabilidade parece ser uma das maiores conveniências da tecnologia, especialistas e corporações também se veem preocupados com valores mais subjetivos, como a propriedade intelectual.


"Eu penso que muitas coisas vão ter que evoluir. Se em algum momento você conseguir imprimir tudo em sua casa, você vai contra a propriedade intelectual de uma companhia que investiu milhões", pondera Marcos Razon, Vice-presidente da HP Inc. América Latina. Para o executivo, a legislação vai ter que acompanhar as evoluções da indústria de forma que as pessoas não consigam imprimir qualquer coisa, como armas e artefatos que possam ameaçar a segurança das pessoas.


A boa notícia, diz Razon, é que nós estamos ainda nos estágios iniciais do que podemos alcançar com a impressão 3D. "Pense daqui a cinco anos, empresas como Fedex e UPS, o que serão do negócio delas se todo mundo estiver imprimindo partes sob demanda, na linha de manufatura? Não haverá muitos negócios e empregos para o envio de peças ao redor do mundo. Estamos entrando em uma fase muito interessante, porque como você vê, é possível transformar tudo. Nós vamos democratizar a manufatura, mas queremos fazer da forma certa", reforça o executivo.


Brasil


Durante o America Innovation Summit, a HP anunciou o seu primeiro parceiro da América Latina a adquirir um sistema de impressão 3D. A mexicana Bojä3D, empresa de fabricação digital, agora oferece a seus clientes serviços de impressão 3D baseados na robusta Jet Fusion 4200.


Segundo Marcos Razon, o Brasil deve receber suas primeiras impressoras 3D da HP até o início de 2019. Entretanto, o valor inicial de US$ 50 mil e US$ 130 mil no mercado norte-americano será distante do que empresas brasileiras precisarão pagar. O valor final incluirá ainda taxas de importação, impostos e custos com suporte. Razon diz que empresas, universidades e até montadoras no Brasil têm solicitado o sistema de impressão da HP, mas que a companhia precisa garantir toda uma cadeia de suporte e canais antes de lançar a tecnologia por aqui.


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